O Auditório Osvaldo Stefanello, do Palácio da justiça, estava repleto de adolescentes na manhã desta sexta-feira, 7/2, para o debate sobre gravidez na adolescência, que reuniu especialistas da área da saúde e educação.
A Corregedora-Geral da Justiça, Desembargadora Vanderlei Teresinha Tremeia Kubiak, abriu o evento agradecendo a presença de todos. Ela salientou a relevância do tema e a oportunidade de abordar a questão juntamente com os jovens. "Muitas vezes, o adolescente não tem maturidade para encarar o desafio de ter um filho, o que exige muita responsabilidade. Essa é uma questão que gera impactos na saúde, na escolaridade e na vida profissional desse jovem", afirmou a Corregedora-Geral da Justiça, que também destacou os altos índices de gravidez na adolescência no Brasil, um dos maiores da América Latina.
adolescência do Brasil, um dos maiores da América LatinaCréditos: Eduardo Nichele
A Juíza-Corregedora Nara Cristina Neumann Cano Saraiva, que está à frente da Coordenadoria da Infância e Juventude do RS conduziu o debate que contou com a presença da Promotora de Justiça Denise Casanova Villela, Coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude, Educação, Família e Sucessões do Ministério Público Estadual, das integrantes do Comitê de Participação de Adolescentes Acolhidos na Justiça, as adolescentes Esmeralda Amaral Braga e Érica Lopes e de especialistas que falaram sobre medidas preventivas e educativas.
A representante da Secretaria Estadual da Saúde, Rosângela Machado Moreira, abordou a questão das políticas públicas de prevenção, que seriam insuficientes, na opinião dela. A palestrante ainda citou que as maiores taxas de mortalidade infantil estão entre mães adolescentes. E que a maior incidência de casos de jovens que se tornam pais de maneira precoce se dá em famílias de menor renda, com baixos níveis de educação e em comunidades indígenas e negras.
políticas públicas de prevençãoCréditos: Eduardo Nichele
A médica Lilian Day Hagel apresentou casos em que trata nos hospitais onde atua e falou dos impactos físicos e psicológicos da gravidez na adolescência. Ela frisou a importância de fazer o pré-natal, já que a maioria das jovens esconde da família e começa o acompanhamento já no final da gravidez, aumentando os riscos para mãe e o bebê. "Às vezes, meninas ficam grávidas para serem protegidas na comunidade, principalmente onde há o tráfico. Adolescentes têm que ter plano de vida, tem que ter futuro", concluiu a médica.
Por fim, a representante da Secretaria Estadual da Educação, pedagoga Leony Cananéa, apresentou a palestra Somos pais e agora?. Ela afirmou que é comum as famílias retirarem as adolescentes da escola, assim que descobrem a gravidez. "A escola é um dos primeiros caminhos, é onde temos que enxergar esse adolescente".